Infelizmente o curso superior não nos prepara para alguns detalhes da vida real e um grande desafio que encontramos é como lidar com nossas finanças.
Independente se você é funcionário clt e tem um salário fixo ou se você trabalha como autônomo, a gestão financeira é extremamente importante, porém como autônomo, temos alguns desafios maiores durante nossa carreira e justamente por não ter uma constância nos rendimentos é que precisamos entender e cuidar muito bem do nosso financeiro.
Muitos terapeutas quando ouvem falar em financeiro já saem correndo e falam: sou de humanas e não de exatas! Isso é muito comum, muitos guardam rancor por conta da época de escola. Eu prometo não trazer nenhuma equação ou fórmula de Bhaskara em nosso texto. Vamos abordar algo de forma prática e direta, afinal, vamos deixar a matemática para os engenheiros do Mais Terapias. Aqui queremos falar mais sobre hábitos e sobre como ter um controle financeiro pode alavancar a sua carreira.
Quando se pensa em gestão financeira a primeira coisa que se vem em mente é ter um orçamento e o seguir a risca. Esse pensamento não está todo errado, mas antes de montar esse orçamento eu acho muito importante a gente entender nossos hábitos de consumo. Então antes de mais nada vamos criar o hábito de anotar tudo, e é tudo mesmo! Cada centavo gasto conta.
Primeira coisa que precisamos fazer é criar categorias e com isso, fazer o exercício de separar seus gastos.
Vou dar um exemplo de como organizo os meus gastos: Gastos Profissionais, Lazer, Gastos Pessoais, Manutenção Carro, Moradia, Mercado, Shit (Sim, tenho uma categoria para quando gasto fora do orçamento ou com coisas indevidas). Se gostar do exercício de categorizar, você pode aprofundar mais e criar sub-categorias para ter um nível ainda mais detalhado. Lembre que quanto mais detalhe mas fácil fica entender e tomar decisões. Também é importantíssimo controlar as receitas, crie as categorias por fonte pagadora. Se você atende em mais de um consultório ou se tem algum recebimento fixo mensal. Novamente, não deixe nada de fora e anote tudo.
O processo de anotar é a parte mais difícil na minha opinião, precisamos de muita disciplina e muitas vezes o fato de já termos esses gastos na fatura do cartão ou aparecendo no extrato da conta corrente, caímos na ilusão de achar que se anotarmos isso em outros locais é “perda de tempo”, então não desanime, com o passar do tempo você vai percebendo quão valioso é ter esse nível de controle e vai até entender porque não sobrou dinheiro naqueles meses que você mais atendeu, mas chega no final do mês contando moedas. As vezes até achando que perdeu dinheiro ou esqueceu em alguma gaveta.
Legal, ja anotei tudo de hoje e agora o que faço com isso?
Calma, Calma, para se ter um bom entendimento precisamos ter pelo menos 3 meses de dados anotados, mas o ideal é um ciclo completo de um ano, pois conseguiremos entender o comportamento dos pacientes em épocas diferentes como férias e volta às aulas. Então vamos reforçar a parte do não desanimar antes de mais nada, “é sério, essa é a parte mais importante”
Bom, agora que já temos nossos bons 12 meses de anotações podemos entender nosso perfil de consumo. É nesse momento que vamos acessar a ferramenta de relatório, ela vai organizar de forma visual quanto gastamos mês a mês em cada categoria. Agora vamos analisar e gastar um tempo entendendo a variação de cada categoria e entender os meses onde houveram pico. Você também vai conseguir entender o que pode ser reduzido e quanto você precisa efetivamente para viver.
Com esses dados em mãos podemos fazer nosso planejamento financeiro. Já temos uma ideia dos meses onde temos maiores gastos e onde temos maiores ganhos. Já sabemos quais gastos pessoais e quais os gastos profissionais. É hora de criar a empresa EU S/A .
Devemos criar um orçamento informando a média anual e colocar como limite de gastos em cada categoria. Esse será o famoso Orçamento. Ele será nosso norte, então crie uma categoria com os gastos fixos, aqui você irá incluir a média anual de todos os gastos que são necessários para seu negócio funcionar (aluguel, contador, água, luz, limpeza, etc). Use seu histórico e faça uma média de tudo, mesmo que um desses gastos aconteça somente em um mês do ano, divida ele por 12 e sempre faça um caixinha para não ser pego de surpresa. Na hora de definir o orçamento temos sempre que pensar em nossa empresa (nós mesmos). É interessante que você separe entre 10% a 30% das suas receitas para expansão. Seja investir em publicidade, seja fazer cursos de especialização, compra de material. Esse orçamento de expansão deve ser usado em atividades que no longo prazo irão auxiliar você ganhar mais, seja atraindo mais pacientes ou valorizando seu valor de atendimento.
Dentro do orçamento é importante definirmos uma reserva de emergência. O aconselhável são 12 meses de custos pagos (profissionais+pessoais). Sabemos que no primeiro momento pode parecer um valor alto, mas ele é muito importante para os imprevistos, coronavírus que nos diga. Nossa sugestão é que você separe 10% das receitas até que alcance um ano completo o valor necessário. Sabemos que o brasileiro tem muita dificuldade em manter poupança, mas faça um esforço e não gaste esse dinheiro. Não troque de carro e nem use ele para as férias dos sonhos, ele é muito importante e traz muita paz em momentos de dificuldade.
Agora que já sabemos quanto precisamos para manter nosso negócio funcionando, devemos definir um salário para nós. Esse salário não deve exceder a média de ganhos mensal e não pode atrapalhar nos custos fixos profissionais, ou seja, não adianta você sonhar com um salário de R$ 50mil sendo que na média você recebeu R$ 10mil por mês. Aqui é onde o profissional e o pessoal se cruzam, ou seja, é muito importante você entender como estão os gastos pessoais também. Quando se opta por ser autônomo temos que ter muita ciência que manter seu negócio funcionando é o mais importante. Ajuste seu orçamento pessoal com base no seu salário e evite ao máximo sacrificar os gastos profissionais para atender uma necessidade pessoal.
Ufa, conseguimos organizar tudo e definir o orçamento do ano, já acabou?
Não, agora vamos para a parte divertida. Vamos organizar metas!
Deixamos as metas para o final, pois agora você já entendeu exatamente sua capacidade de ganho e seu custo mensal. As metas nos ajudam a não nos acomodarmos e não necessariamente essas metas precisam ser apenas aumentar os ganhos, você pode incluir suas metas pessoais também. Aquela viagem dos sonhos, comprar uma casa maior, etc.. Aqui você deve definir seus objetivos pessoais e profissionais e saber quanto eles custam.
Entendendo isso, agora é ir ajustando o orçamento, separando um percentual de sua receita para ir alcançando as metas. Gosto muito dessa parte, mas ela merece um post especial que logo virá!
Mas lembre que as metas precisam ser realistas e ter prazos definidos. Sempre tenha a meta de aumentar seus ganhos, seja por atender mais ou seja por aumentar o valor de hora de atendimento.
Nas suas metas você também pode incluir reduzir despesas e cortar itens desnecessários.
Evite parcelas futuras. Tente colocar como meta o valor da compra a vista. Lembre que como autônomo, nosso futuro pode conter altos e baixos e quanto menos parcelas tivermos mais tranquilas serão nossas noites de sono.
Sei que isso tudo parece dar muito trabalho e ser cansativo, mas é como escovar os dentes. Depois que criamos o hábito de anotar e categorizar tudo, o resto se torna fácil. Lembre que não existe nenhuma solução mágica. Organizar o financeiro e planejar nosso desenvolvimento é como uma maratona, então guarde folego e insista nesse processo. Nós desenvolvemos nosso sistema financeiro para ajudar você a organizar e visualizar isso de forma simples e rápida, e pode ter certeza, quanto mais claro for seu entendimento sobre suas finanças, mais fácil fica você tomar decisões de expandir seu negócio, fazer reformas, trocar de carro, e todas as decisões do dia a dia.
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Escrito por:
Começou sua vida profissional na área comercial e sempre teve uma grande atração pela área de tecnologia, autodidata aprendeu programação por conta própria e sempre a viu como um meio e não como um fim, apaixonado pelo desafio de criar produtos esse já é o seu terceiro empreendimento. "Aprendi muito com os anteriores, principalmente a ter um grande cuidado com a gestão financeira e manter o foco nas dores do cliente."